Vinhos de altitude: entenda o que são e as características

Vinhos de altitude: entenda o que são e as características

Quando o assunto é vinho, um conjunto de fatores naturais e humanos acabam por influenciar na produção dos mais distintos rótulos, como é o caso do clima, das características do solo, do terreno, da ação humana no plantio, do manejo e até da própria colheita.

 

No caso dos vinhos de altitude, a região se encontra em um alto nível acima do mar, em regiões montanhosas e frias. Quer entender melhor o que são e as particularidades desse estilo? Continue a leitura deste texto.

O que são vinhos de altitude?

Os vinhos de altitude, como a própria palavra “altitude” sugere, representam aqueles produzidos com uvas cultivadas em áreas terrestres que estão em regiões acima do nível do oceano. Normalmente, acima de 1.000 metros de altitude em comparação ao nível do mar.

Por conta da baixa pressão atmosférica, essas elevações tendem a apresentar uma baixa temperatura, assim como maiores incidências de vento, chuva e até mesmo neve — pontos que interferem nas características sensoriais do vinho.

Os vinhos de altitude são originários de plantações situadas em áreas de alta elevação em relação ao nível do mar.

Os vinhos de altitude são originários de plantações situadas em áreas de alta elevação em relação ao nível do mar.

Particularidades dos vinhos de altitude

Uvas plantadas em lugares quentes e baixos, têm maior ou mais rápida maturação, resultando em um fruto mais adocicado e com concentração de açúcar elevada, ocasionando bebidas de maior teor alcoólico e baixa acidez, além de apresentar, geralmente, taninos bem redondos e macios.

Enquanto que os vinhos de altitude apresentam uma personalidade diferente, ocasionada pelo clima montanhês. Para isso, a amplitude térmica das regiões altas — ou seja, a diferença de temperatura máxima e mínima registradas entre certos períodos, que pode ser diária, mensal ou anual — é extremamente importante.

Em áreas de grande amplitude térmica, o cultivo de videiras é mais propício. No calor do dia, a maturação do fruto é a ideal; ao anoitecer, as parreiras descansam e as uvas — normalmente, brancas — retém maior acidez e frescor, sendo essas as duas principais particularidades dos vinhos de altitude.

Inclusive, as uvas brancas podem ser utilizadas em blends com uvas tintas. A combinação acaba por agregar mais acidez aos rótulos — prática popular em alguns vinhos argentinos.

E por falar na Argentina, por exemplo, que é um país muito quente, com pouca pluviosidade, ou seja, com pouca incidência de chuva, o cultivo de uvas em áreas de alta amplitude é a saída para elaborar frutas com mais acidez. Só assim é possível trazer balanço ao vinho, sendo elas utilizadas em cortes muitas vezes.

Já no Brasil, especificamente no caso da serra catarinense, a alta atitude gera vinhos com alta acidez e extremamente frescos. Isso porque, além da altitude, a região é fria.

Principais regiões produtoras

Chile

Aos pés da cordilheira dos andes, vinícolas como a San Esteban, no Vale do Aconcagua, na região a noroeste de Santiago, fazem uso dos quase 900 metros de altura e do clima específico da área delimitada, que proporciona dias quentes e secos, assim como noites frias, originando uvas com alto teor de açúcar.

De solo rochoso e argiloso, essas características tornam o terroir extremamente propício para os vinhos de altitude.

Imagem da rolha de um vinho escrito "Chile".

Entre a produção de vinhos chilenos, os de altitude também são destaque.

Itália

Itália também é um país propício para a criação de vinhos de altitude. A região de Piemonte, no noroeste italiano, bem aos pés dos Alpes, por exemplo, tem colinas e montanhas de atitudes diferenciadas e possui uma forte produção de tintos oriundos, principalmente, da uva nebbiolo.

Por lá, o clima é continental, ou seja, os verões são extremamente quentes, os invernos rigorosos e chuvosos, em média, 1.000 mm por ano por conta da influência fria dos Alpes e do calor oriundo do Mediterrâneo. Ao passo que o solo é arenoso com pedras calcárias, áreas de argila, giz e granito.

Brasil

Santa Catarina

No Brasil, Santa Catarina é uma região que tem ganhado destaque na produção de vinhos finos de altitude e que, inclusive, recebeu em 2020 o selo de Indicação Geográfica (IG), o qual reforça que os rótulos da região são diferenciados em relação aos outros produzidos no país, devido às características únicas ocasionadas pelo local de origem.

Os vinhos de altitude produzidos em municípios como São Joaquim, Urucibi e Água Doce, além de muitas outras regiões catarinenses, estão entre os reconhecidos pelo selo concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Colheita em vinícola de São Joaquim, no estado de Santa Catarina, popular pela produção de vinhos de altitude

Colheita em vinícola de São Joaquim, no estado de Santa Catarina, popular pela produção de vinhos de altitude

Chapada Diamantina

Outra região nacional que está se mostrando extremamente propícia para a produção de vinhos, inclusive os de altitude, já que tem altitude superior a mil metros e temperaturas amenas, é a Chapada Diamantina.

O ponto turístico que já foi famoso pela mineração de diamantes, está sendo uma das áreas mais promissoras na criação de rótulos de ótima acidez e aromas variados. Só em Morro do Chapéu, é possível encontrar quatro vinícolas com variedade de uvas cuja colheita se dá no inverno.